Conversa boa é assim: rende pensamentos e desdobramentos por horas, dias e por toda uma vida até. Conversei com o Felipe Lavignatti, do Arte Fora do Museu (@arteforadomuseu), e pudemos ir além do trivial em pouco mais de uma hora de live: o basquete foi o fio condutor para pensamentos sobre arte e filosofia. Pra quem não assistiu, dá pra rever aqui:
IGTV: https://www.instagram.com/tv/CK2LZobHsE0
Podcast: https://anchor.fm/arte-fora-do-museu
YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=llD-ZGWsb4c
LinkedIn: https://www.linkedin.com/showcase/69513311/admin
Facebook: https://www.facebook.com/arteforadomuseu/videos/769181197023321
Selecionei alguns trechos para pensarmos juntos:
“Eu me interessava pelo ritmo e pelo sons do basquete. A questão do ritmo da bola e como um drible está associado imediatamente com o som. Isso era demais. Eu queria ficar batendo bola o tempo inteiro. Eu acabava pintando essas coisas que vinham na minha cabeça: eu e meus amigos jogando basquete. Eu gostava de desenhar. Foi quando eu conheci o grafite a partir de ter visto o rap, de ter visto e conversado com os b-boys, e fui aprendendo e descobrindo o que estava acontecendo com os mais velhos. Eu entendi o grafite por essa vertente do movimento hip hop.“
“O meu avô me contava muitas histórias e isso me deu uma boa desculpa para eu pintar o que ouvia. Aquilo me levou para as festas folclóricas, o bumba-meu-boi, eu pesquisava e fui pintando assim: cenas de basquete, da família. Eu ficava arranjando uma história para chegar logo no movimento do corpo. Eu passava muito tempo fazendo o que eu não queria fazer para chegar no que eu queria: a questão do movimento, luz e sombra e volume. Se parece fofinho, se os personagens estão se encostando com pressão ou de forma leve. E ai eu estava pintando uma super festa, um monte de gente junto… E isso foi minha grande pesquisa sobre o movimento de fato. Então eu pensei: quero fazer um trabalho em que a maior parte do tempo que eu estiver em frente a ele seja bom e prazeroso pra mim. Para poder criar a intenção que eu quero.”
“A minha vontade em pintar é alegria. Pensando no Spinoza, a alegria seria a passagem de um estado de vida para um estado com mais potência de vida. Foi sempre o que pensei que eu queria para quando a pessoa parasse em frente a uma pintura minha. Que ela respirasse fundo se precisasse se aliviar. Hoje eu faço um trabalho que 100% do tempo é bom pra mim.”
“Eu não quero que alguém veja um trabalho meu e associe com uma história minha, que me veja, mas que faça a sua própria relação, que seja algo comum a todo ser humano. O frio, a fome, coisas que qualquer ser humano saiba, como o prazer de estar sob o sol. Quero habitar neste lugar do pensamento.”
“O artista precisa pensar como um publicitário ou pelo menos saber pensar como um. O jeito que o mundo funciona hoje corta grande parte dos intermediadores que a gente precisava antes. A internet uniu quem quer arte a quem quer vender arte. O artista que a gente estuda na História da arte soube fazer isso no campo dele, o que hoje chamamos de networking. Ele precisava se articular.”