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Potência dos jovens como inspiração

“Com eles aprendo sobre entusiasmo, disposição de vida, agilidade de raciocínio. Eles me atualizam”. Assim Bieto resume a participação cada vez mais crescente de jovens em sua vida. A troca com adolescentes, que recentemente ficou mais regular por meios das redes sociais, manifesta um sentimento antigo de reciprocidade.

O primeiro contato aconteceu há uns oito anos, no auditório da ETEC Carlos de Campos, no Brás (SP), quando foi convidado para falar como publicitário para futuros vestibulandos. “Foi lá que percebi que a potência máxima da vida estava neles”. Em meio a palavrões velados, no discurso espontâneo de Bieto ressoava a ideia do grafite, do hip hop, da pressão de entrar na faculdade, e também questões éticas, de igualdade, respeito. “Esses temas estão à flor da pele nessa idade. Eles não são adultos  nem crianças. E essa hora me interessa bastante”. Muitos anos depois, o encontro com os participantes ainda gera forte emoção no artista e nos então alunos. “Todos lembram com muito carinho daquele dia. Foi lá que entendi um lugar de muita importância”.

E o lugar poderia ser descrito como o de educador, apesar da palavra gerar um certo desconforto em Bieto. “Se o conceito de educar tiver reciprocidade, aprender e ensinar, aí eu aceito”, brinca ele.

A segunda experiência com jovens foi quando se tornou professor na Oficina de Grafite, que acontecia aos sábados na Fábrica de Cultura do Capão Redondo, em São Paulo. Durante dois anos, teve contato com pessoas também mais velhas, de até 60 anos, mas a maior parte dos alunos tinha, em média, entre 14 e 19 anos. “Trabalhar na periferia e naquela posição me deu a chance de entender um jovem com outras urgências. Vi a possibilidade de ouvir, dialogar, amadurecer os relacionamento com eles. E me vi sendo vetor de compartilhamento de experiências”, relembra Bieto, que desenvolveu uma dinâmica na sala de aula que ia além do ensino de uma técnica específica: incentivar o interesse pelo desenho e pela arte, ouvir e educar por meio de um repertório em comum,  que podia ser tanto o esporte quanto a linguagem das ruas.

Voltando à Escola

Anos depois, o projeto voluntário “Voltando à escola”, idealizado pelo artista Célio, colocou Bieto novamente numa sala de aula, mas desta vez pintando as paredes de escolas públicas. “É uma oportunidade para agir de fato no lugar de aprendizado. Contribuir para que tanto alunos quanto professores tenham um ambiente inspirador e agradável”, conta o artista, que já pintou oito salas.

Pintura em sala de aula do Projeto Volta à Escola. Crédito: Ana Terra Curado da Rocha

A recente pandemia que colocou a maior parte da população em distanciamento social trouxe como efeito colateral uma explosão de lives e interações online. Bieto aproveitou o momento para restabelecer um contato mais íntimo com esse jovens seguidores. Pela transmissão no Instagram, ele tem compartilhado experiências de vida e dicas de técnica de pintura, e improvisado no papel de condutor, assim como fez naquele primeiro auditório lotado.

Interação com jovens e seus desenhos pelo Instagram @bieto

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